A minha opinião
Publicado por Dr. João Fortuna
Candidíases … Mitos e verdades!
Esta é uma patologia que todas conhecem… ou não!... Provocado por um fungo denominado “Candida” , este nada tem a ver com o seu nome pois em algumas situações pode tornar-se bastante agressivo e recorrente.
Os sintomas habituais da vaginite por Candida são o corrimento branco e espesso, e o prurido e irritação vaginal, mas também pode estar associada com dor ao urinar ou nas relações coitais, confundindo por vezes o diagnóstico. Os sintomas tornam-se mais intensos na semana anterior à menstruação.
Mas nem todas as irritações vaginais são devidas a Candida e está provado que menos de 50% das mulheres que sentem comichão vulvar têm uma candidíase, e que só 35% das mulheres que se autodiagnosticam com candidíase acertam no diagnóstico, pelo que muitas se automedicam sem necessidade, tendo pruridos recorrentes por outras causas. As mais frequentes são vaginites por outros microrganismos e as dermatites de contacto e alérgicas.
O fungo vive habitualmente no intestino e chega à vagina por migração pela área perianal. É normal encontrar Candidas num exsudado vaginal, mas para haver uma candidíase é necessário que o fungo invada a mucosa e cause uma reacção inflamatória, e essa está dependente de algumas condições genéticas, existindo pessoas mais propensas a esta invasão e sintomatologia.
Existem factores que favorecem o aparecimento de candidíases:
- uso de antibióticos
- uso de pílulas principalmente as de dosagem estrogénica maior
- uso de DIU
- diabetes
- gravidez
- estado imunitário deficiente como no uso de corticóides
- vida sexual activa
- certos hábitos como sexo oral ou anal. Curiosamente e ao contrário do conhecimento comum, o uso de roupas de fibra, tampões ou pensos higiénicos demostraram em estudos terem pouca influência na frequência de episódios de candidíase.
O tratamento pode ser realizado por via vaginal ou oral ou por uma combinação das duas e um tratamento de duração curta cura 70 a 90% das infecções.
Infelizmente existem outras doentes que resistem a esta terapêutica, seja porque têm um tipo de fungo diferente ou porque têm uma situação denominada de candidíase vulvovaginal recorrente ou candidose, que exige um tratamento de 6 meses e mesmo assim 50% não ficam curadas exigindo outro tipo de abordagens. Nestas o tratamento inicial habitualmente não foi adequado, deixando que o fungo tenha conseguido depositar formas de resistência na sub-mucosa denominados esporos.
Acha que conhece agora melhor as candidíases? Talvez, mas não as subestime…